Na terça-feira (29) foi lançado o documentário "Yancã Ju" que aborda o cotidiano e a cultura da etnia Mbyá-Guarani. Yancã Ju é o nome da aldeia, localizada em Santo Ângelo, em que vivem cerca de 34 indígenas da etnia. O lançamento ocorreu na Casa de Barro da UFFS - Campus Cerro Largo e contou com a presença da comunidade acadêmica, bem como dos estudantes da Escola Otto Flach, de Cerro Largo.
O documentário foi produzido pelos próprios indígenas da comunidade, após terem participado de um curso de audiovisual realizado em parceria entre a UFFS - Campus Cerro Largo, o Observatório Missioneiro de Atividades Criativas e Culturais (OMICult/Unipampa) e o Conselho de Missão entre Povos Indígenas (Comin). A ideia, segundo a professora da UFFS e uma das articuladoras do curso, Bedati Finokiet, foi a de que os indígenas se apropriassem dessas ferramentas audiovisuais e tecnológicas para que pudessem mostrar a cultura a partir de sua própria perspectiva. O mbyá-guarani Anildo Romeo foi um dos indígenas que participou do curso e se diz muito satisfeito com o que aprendeu, além de querer passar seu conhecimento futuramente para as crianças da aldeia: "quero levar para as crianças que temos capacidade de utilizar as ferramentes e produzir filmes. O documentário é importante para que os brancos possam reconhecer os indígenas. Queremos entrar na sociedade do branco para mostrar nossa cultura", afirma Anildo.
O professor da Unipampa, Joel Felipe Guindani, sente-se orgulhoso do resultado do documentário de 13 minutos feito pelos indígenas. "Estivemos aqui em agosto e abordamos princípios do cinema, como filmagem, edição, como segurar câmera, como fazer movimento de câmera, enquadramento, como fazer uma imagem bonita. O documentário é fruto deles, das imagens que eles fizeram, do olhar deles. É um projeto experimental e ficou tão bom que nos surpreendemos com o resultado", diz.
No lançamento, também foi possível apreciar a exposição "Mbya Rekoet - Nossos Costumes Verdadeiros" com fotos de Bedati Finokiet e Anildo Romeu e programação visual de Matheus Menezes. A exposição foi financiado pelo Fundo Municipal de Cultura de Santo Ângelo.