Em mais uma fase da Operação Leite Compensado, a nona etapa desde início
de 2013, o Ministério Público (MP) descobriu leite vencido e azedo
sendo distribuído aos consumidores. A ação ocorre no Nordeste gaúcho, em
Esmeralda, cidade distante 65 quilômetros de Vacaria, nos Campos de
Cima da Serra. Foram cumpridos quatro mandados de prisão e cinco de
buscas, incluindo a apreensão de quatro caminhões.
A nona edição
também tem vistoria no município de Água Santa, no laticínio Unibom.
Apesar de não ter sido encontrado indícios de participação da indústria e
de não ter mandado de busca no local, os agentes foram até a empresa
pelo fato dela receber o leite de uma distribuidora de Esmeralda. Foram
presos o proprietário da transportadora Márcio Fachinello ME e três
motoristas da empresa.
Eles são suspeitos de coletar leite após
quatro e até sete dias dos produtores, enquanto o normal seria no máximo
dois dias. Como o produto vencido acaba deteriorando, ficando mais
ácido e perdendo os nutrientes, os envolvidos na fraude colocam
bicarbonato de sódio para mascarar o problema na hora da análise
físico-química. Depois disso, vai para a indústria e para o consumidor.
"O
leite vencido ou azedo, que é mascarado para passar na análise, é o
mesmo leite que a dona de casa vai ferver e, apesar de estar dentro da
validade, começa a talhar", diz o promotor de Defesa do Consumidor,
Alcindo Bastos.
Também há suspeita de adição de água para
aumentar o volume do leite. São recolhidos pela transportadora,
investigada há quatro meses, entre 40 e 50 mil litros diários de leite
em diversos municípios dos Campos de Cima da Serra. A análise e quatro
coletas houve resultado positivo de adulteração.
O promotor Mauro
Rochemback, que participa da ação, diz que foram configurados crime
organizado, prática comercial abusiva e adulteração de produto
alimentício.
Transportadora
O proprietário da transportadora Márcio Fachinello ME, Márcio Fachinello, negou qualquer tipo de irregularidade no serviço.
"Eu nego a adulteração, mas se eles acharem alguma coisa, eu assumo tudo", disse o proprietário
Consumidores
Segundo
o promotor Alcindo Bastos, aumentou o número de reclamações por parte
dos consumidores. Produtos com validade de quatro meses começam a
estufar as embalagens com pouco mais de dois meses após a data de
fabricação. Bastos destaca que esse é um sinal de grande quantidade de
acidez e que leva o leite a azedar.
O promotor ainda destaca que é
obrigação dos transportadores verificarem temperatura e acidez do
produto antes mesmo de levar a um posto de resfriamento, que é o ponto
intermediário entre produtor e indústrias. No entanto, para obter lucro
maior ao buscar leite de mais produtores do que conseguem atender
normalmente, alguns produtos passam do período normal da coleta e acabam
deteriorando.
O Ministério da Agricultura, a Receita Estadual e a Brigada Militar também participam da 9ª etapa da Operação Leite Compensado.
Fonte: Rádio Gaúcha
Postado por Lucas Mumbach