Arara dos Raddatz


Foi em 1957 quando o casal Bernardo e Irene Freitag Raddatz e família resolveram participar de um projeto pioneiro no norte do Mato Grosso-MT, na Gleba Arinos, atual Porto do Gaúchos. O pai Bernardo Raddatz, era funcionário da Conomali, empresa que colonizou uma área de terras as margens do rio Arinos. A mãe Irene, tocava uma pensão junto ao porto. E, em virtude das atividades que exerciam tinham muitos contatos com as pessoas de fora e da região como seringueiros, garimpeiros, colonos e missionários que faziam contatos com os indígenas, dentre outros. Em 1958 um piloto de lancha popularmente conhecido por "parazinho", que morava na pensão, conseguiu com indígenas que viviam na região do rio Juruena duas araras adultas e mansas, primeiro uma e mais tarde outra, de presente. Além dos ruídos naturais, as aves falavam algumas palavras que nós não entendíamos. Alguns meses em nosso convívio, sempre soltas em árvores, começaram falar algumas palavras em português e alemão, como nome das pessoas, atiçar cachorros, falavam cerca de vinte palavras. Em 1960 a primeira arara morreu. Em meados de 1962, a família Raddatz retornou ao sul e trouxeram uma das araras, vindo a morar em São Roque, interior de Tuparendi e em 1967 na cidade, onde o casal  Bernardo e Irene viveram até o final da vida.  A mãe faleceu em 1999 e o pai em 2001. Um pouco antes de falecer, o pai questionou "quem vai cuidar da arara depois"? Ao que minha esposa Irma e eu (Enio), se dispomos para seguir cuidando da arara. Após o falecimento do pai (Bernardo), com auxílio de familiares e amigos, transferimos a arara para a nossa casa, onde viveu sob os nossos cuidados solta nas árvores no quintal, durante 13 anos. Vindo a falecer em 13/08/2014, por causas naturais, conforme atestado de óbito emitido pelo médico-veterinário que nos auxiliava e orientava nos cuidados. Cumpre salientar, que a arara fazia parte da família, pois convivemos com ela entre 1958 e 2014, portanto, 56 anos. Quanto a sua idade não temos certeza, mas como a recebemos adulta é superior a 56 anos. Sob forte emoção sepultamos a arara em nosso quintal, junto ao jardim florido.
Texto e foto: Enio e Irma Raddatz

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